Confusão teria começado por causa de som em bar no Morro Santa Marta.
Segundo a PM, se ficar comprovado, policiais serão punidos.
Foi de uma forma nada pacificadora que o rapper Emerson Claudio Nascimento, conhecido como Mc Fiell, disse ter sido retirado do Morro Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, onde mora, na madrugada do último domingo (23). “Me arrastaram, me espancaram, tomei soco, tapa na cara”, conta ele que, depois de fazer exame de corpo de delito, pretende ir à delegacia do bairro nesta segunda-feira (24) para denunciar a agressão.
Ele já esteve lá na madrugada de domingo, quando foi levado pelos policiais dentro de um camburão da Polícia Militar acusado de desacato a autoridade. “Não me deixaram nem pegar meus documentos. Minha esposa, que estava indo à delegacia como minha acompanhante, quando chegou lá também foi autuada por desacato sem ter feito nada. A gente não quer ser reprimido nem pelo tráfico nem pela polícia”, desabafou o rapper.
Procurada pelo G1, a Polícia Militar disse, em nota, que as investigações estão a cargo da Polícia Civil e que, “caso as acusações sejam comprovadas, os policiais militares serão submetidos aos rigores da lei”.
Como foi?
Segundo Fiell, a confusão começou quando, às 21h de sábado (22), policiais apareceram no bar de seu sogro, onde acontece um pagode todo fim de semana. “Isso não é novidade no Santa Marta. O bar existe há mais de 15 anos. Eles entraram e avisaram que se o evento passasse das 2h, eles iam apreender o material e prender os proprietários”, conta.
Ele afirma ainda que, por volta das 1h55, 12 policiais entraram no local “metendo as mãos nas tomadas, desligando tudo, invadindo o local”. Foi então, lembra Fiell, que ele pegou um microfone que ainda estava ligado e começou a ler a lei do silêncio, reiterando que em vez de pedirem para abaixar o som, os policiais não queriam nem conversar e estavam desligando tudo, citando o comando da Unidade de Polícia Pacificadora no local. “Depois que falei isso, me deram voz de prisão, me arrastaram de cima do palco e começaram a me espancar.”
Cartilha de abordagem policial
Ironia ou não, Fiell é um dos autores da Cartilha de Abordagem Policial, lançada na comunidade, com o apoio da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, da Ordem dos Advogados do Brasil, no Rio, e Ministério Público.
“Depois disso, a gente não tem mais sossego aqui. Virou perseguição. Enquanto me espancavam, os policiais falavam: ‘cadê a cartilha pra garantir alguma coisa pra você’. Não adiantou mesmo, porque, quando a polícia quer, ela viola a lei”, diz ele.
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